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“Um esquerdista é alguém que se sente devedor da humanidade, e cuja dívida ele propõe pagar com o dinheiro dos outros”. (G. Gordon Liddy).
Eu penso que Lula e Janja deveriam fazer parte do elenco da novela Pantanal. Lá é cheio de personagens misteriosos. Tem uma mulher que vira onça, um velho que vira cobra e uma muda que fala.
Todos eles fazem bastante trapalhadas. Tem ainda o filho do Zé-Leôncio, que no início chamavam de “florzinha” porque só andava rebolando e que engravidou a filha da mulher que vira onça e agora Juma está com uma oncinha na barriga.
Tem ainda um peão que toca viola, vendeu a alma para o diabo e fala com ele. Agora o tal peão engravidou uma branquela que veio da cidade grande e dizem lá pelo Pantanal que ela tem no “bucho” um “bacurinzim” com chifres.
Tem ainda o Zé-Leôncio, filho do velho-do-rio que vira cobra, dono da maior fazenda do Pantanal. A fazenda acolhe todo mundo: peão desbundado, gente da cidade, pesquisador, mateiro, é tanta gente indo pra fazenda do Zé-Leôncio que os que viviam na fazenda do homem malvado da novela foram quase todos para lá. Tá todo mundo dentro da fazenda do Zé-Leôncio. Parece que a Globo tá pensando em mudar o nome da novela para “A fazenda do Zé-Leoncio”.
Lula e Janja poderiam chegar ao Pantanal na Chalana que não tem banheiro e o autor, Benedito Rui Barbosa, apresentaria os dois como o ex-presidente que foi condenado, preso, descondenado, solto e está a eio pelo Pantanal e Janja como a mulher que “os oficiais de justiça nunca encontram para notifica-la”.
Os dois personagens dinâmicos e misteriosos seriam introduzidos assim: enquanto chalana navega, um locutor narra as peripécias dos dois. Segundo a revista Veja, Janja:
- “Antes da campanha eleitoral, a esposa de Lula, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, era procurada pela Justiça e pela Receita Federal para quitar determinados compromissos financeiros.
Ela devia à Caixa, ao Fisco e a um condomínio de um prédio em Curitiba. Os oficiais de Justiça, por mais que procurassem, não a encontravam para notificá-la”.
Lula, o maridão honesto, também é procurado:
- “Receita acusa Lula de cometer crimes de sonegação, fraude e conluio. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional cobra do ex-presidente 1,2 milhão de reais em impostos por propina recebida de empreiteiras”.
Eis o que a justiça cobrava de Janja, candidata a 1ª dama do Brasil:
“Em um dos processos movidos pela Caixa Econômica Federal na Justiça Federal do Paraná contra Janja, em 2019, o banco cobrava dela 109 mil reais”.
E Lula, o “impoluto candidato”, segundo a Veja:
“... Para a Receita Federal, por exemplo, Lula é um sonegador de impostos que, em conluio com empreiteiros, tentou ocultar rendimentos milionários com o objetivo de fraudar o Fisco.
Os detalhes dessa acusação estão transcritos em um processo de execução fiscal que tramita na 2ª Vara da Justiça Federal em São Bernardo do Campo (SP). VEJA teve o aos documentos. Neles, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional cobra do ex-presidente uma dívida de 1,25 milhão de reais referente a impostos que deixaram de ser recolhidos. ... Segundo a Receita, Lula omitiu em suas declarações de renda recursos que recebeu de duas empreiteiras para executar reformas no famoso tríplex do Guarujá e do notório sítio de Atibaia — os dois casos em que o petista foi condenado em Curitiba”.
Para o ex-secretário da Receita Everardo Maciel, a decisão do Supremo que anulou as sentenças que condenaram Lula por corrupção não interfere nas ações de cobranças de dívidas fiscais do ex-presidente. Segundo ele, são assuntos distintos que tramitam em instâncias que não se confundem.
- “Mesmo que um ladrão seja perdoado num processo criminal, mesmo que eventualmente o crime tenha prescrito, o fruto do roubo tem de ser taxado. A questão tributária tem a ver com acréscimo patrimonial. Se houver acréscimo, paga-se o imposto. Ponto-final”, explicou.
E voltemos a Janja, a candidata a primeira dama:
- “Em outro ação contra Janja, na qual o banco cobra desde 2018 uma dívida de 47 mil reais, a Caixa apresentou uma proposta no último dia 15 de agosto para quitação do débito com desconto e a consequente extinção do processo.
E novamente Lula:
- “Essa, aliás, não é a única pendência fiscal envolvendo o petista. No Tribunal Regional Federal, em São Paulo, a Receita cobra outros 15 milhões de reais em impostos supostamente devidos pelo ex-presidente.
Os auditores apuraram que, ao deixar o governo, Lula se instalou na sede do instituto que leva o seu nome, recebeu doações de empresários, montou uma firma de palestras que lhe rendeu 27 milhões de reais e, de novo, não recolheu os tributos devidos”.
Voltemos a Janja que também devia ao Imposto de Renda 112 mil reais:
- “A esposa do candidato petista também procurou a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para negociar a dívida com o Imposto de Renda. Janja entrou em acordo com o Leão. Ela devia 112 mil reais, que serão pagos em 60 parcelas mensais. A dívida com o condomínio de Curitiba também já foi quitada”.
Voltemos a Lula:
- “Após o ex-presidente ser notificado pela Receita (uma dívida de 1,25 milhão de reais), sua defesa questionou a legalidade da cobrança, argumentando que os documentos utilizados pelos fiscais para embasar as acusações tiveram origem nos processos anulados pelo Supremo. As conclusões, portanto, seriam inválidas. “Essa cobrança se refere a tributos que teriam sido supostamente gerados em virtude da aquisição do tríplex e do sítio, só que tudo se baseia na Operação Lava-Jato, que foi anulada pelo Supremo”, disse a VEJA Cristiano Zanin, advogado de Lula. O caso vai gerar um novo embate nos tribunais.
“Janja negociou suas dívidas. Lula, por sua vez, continua com o nome inscrito na Dívida Ativa da União. Conforme mostrou VEJA, a Receita acusa o ex-presidente de crimes de sonegação, fraude e conluio. Ele tenta anular na justiça um processo em que o Fisco lhe cobra uma dívida de 1,3 milhão de reais. O petista declarou ao Tribunal Superior Eleitoral um patrimônio de 7,4 milhões de reais”.
Os dois desembarcariam na fazenda do Zé-Leôncio em grande estilo: Lula de paletó e chapéu-coco, fumando um charuto cubano e Janja vestida de primeira dama e do nada apareceria o “Velho-do-Rio”, gritando:
- “É sério que alguém tem coragem de votar nessas pessoas”? Fala sério, povo brasileiro! Vota sério! Fui!
Pularia no rio, e com o olhar desgostoso voltaria a ser sucuri.
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Carlos Sampaio
Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)