A 'Oi', o advogado e o golpe de dois bilhões de reais

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O advogado era empreendedor, inteligente, mas um notável fora da lei.

Da cidade de o Fundo, no interior do Rio Grande do Sul, Maurício Dal Agnol organizou um fortíssimo escritório jurídico, com unidades em outras cidades do estado e em algumas capitais do país.

Ganhou muito dinheiro, ficou milionário, adquiriu inúmeros bens, amealhou um invejável patrimônio, que inclui, inclusive, apartamento em Nova York.

Esperto, o advogado encontrou um grande filão para faturar. Impetrava ações indenizatórias de proprietários de linhas telefônicas antigas contra a Companhia Oi.

Os adquirentes dessas linhas tornavam-se pequenos acionistas da antiga estatal de telecomunicações, cujas obrigações foram herdadas pela Oi.

O escritório do advogado, de posse de uma extensa relação com os nomes desses pequenos acionistas, ou a procurá-los e informa-los da possibilidade de acionarem a Oi para receber a importância devida, em função do fato da empresa ter adquirido a antiga estatal.

Foi um sucesso a investida. Foram mais de 13 mil ações propostas, que resultaram na estratosférica soma de R$ 2 bilhões em indenizações, todas elas devidamente depositadas pela empresa e recebidas por Dal Agnol, através de alvará judicial.

Aliás, a parceria com a Oi surgiu no momento em que o advogado fazia acordos com a empresa para diminuir os valores que cabiam aos cliente, mas recebia 'por fora'.

Porém, nada ou apenas uma pequena parte dos valores eram reados para os cliente.

Dos R$ 2 bi arrecadados, Dal Agnol ficou com pelo menos R$ 1,6 bi, sem contar o que recebeu 'por fora'.

O caso foi descoberto quando uma cliente do advogado, vítima de câncer, morreu por falta de recursos para tratamento. Dona Carmelina Helena Comin tinha mais de R$ 100 mil para receber. Morreu sem ver a cor do dinheiro.

Daí nasceu a Operação Carmelina, que no dia 22 de setembro de 2014 efetuou a prisão de Maurício Dal Agnol em pleno centro da cidade de o Fundo.

Atualmente ele está em liberdade,

mas com sua inscrição na OAB suspensa. O escritório ‘Dal Agnol Advocacia’ continua funcionando normalmente na cidade de o Fundo. No site do escritório consta o seguinte aviso:

Prezado Cliente

Vimos informar que o escritório está atendendo aos processos judiciais normalmente, tendo em vista que possui um corpo de advogados apto e legalmente constituído para tanto.

Reafirmamos nosso compromisso em atender aos interesses dos clientes, tomando todas as medidas judiciais necessárias a fim de obter a procedência das demandas.

Por fim, ressaltamos que QUALQUER dúvida relativa ao seu processo judicial poderá ser sanada por meio do e-mail [email protected], (54)3313 4523, ou ainda, pessoalmente em nossa sede na cidade de o Fundo/RS.

Atenciosamente

Dal Agnol Advocacia

Ou seja, não obstante o fantástico golpe, Maurício Dal Agnol continua com seu escritório em plena atividade, está solto e, naturalmente, ganhando dinheiro com a advocacia.

E, por enquanto, não pagou ninguém. 

Edmundo Zanatta

[email protected]

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