Uma profissão de risco

A luta dos professores de todo o país é uma luta dura, justa e que não terminará tão cedo

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Vejo com muita tristeza e apreensão o pipocar de greves de professores que lutam pelos seus direitos em todo o país. É uma luta dura, justa e, da forma como é encarada pelos detentores do poder, não terminará tão cedo. A educação, infelizmente desvalorizada e a despeito da falácia “pátria educadora”, é indiscutivelmente a base de toda a sociedade e a resposta a muitos dos nossos problemas.

Mesmo aposentado, continuo a conviver com colegas que ainda estão em plena atividade de sala de aula. E cada vez mais me preocupo com o que está acontecendo nas escolas de todos os níveis. Sou daquele tempo em que o professor era um herói para seus alunos, fossem crianças ou adolescentes. O respeito era tão grande a ponto de o professor ter a mesma importância dos pais dos seus alunos. É verdade que alguns docentes mantinham esse respeito pelo medo, com atitudes autoritárias e repressivas, mas isso não era a regra. A grande maioria dos docentes se dedicava aos alunos como a seus próprios filhos. E a escola era como uma igreja: um local sagrado.

Hoje, a violência entre alunos e contra professores não é mais uma novidade em nossos dias. Lembro-me de um caso mais ou menos recente e preocupante ocorrido em uma instituição de ensino público de Campo Grande. A escola desenvolvia um programa de aproximação da comunidade chamado “Amigos da Escola”, interrompido por uma tragédia. Basicamente, o programa abria a escola nos fins de semana para uso em atividades recreativas da comunidade, independente de ser ou não aluno ali matriculado. No caso em referência, um adolescente que jogava bola na quadra foi estupidamente assassinado por outros adolescentes.

Apesar do acontecido, penso que uma política de aproximação pode levar a comunidade a defender e respeitar a escola como um patrimônio de todos e como um espaço comunitário de multiuso. Infelizmente este processo de aprendizado confronta-se com a violência cotidiana cada vez mais intensa e com a sua irmã siamesa, a impunidade. Menores invadem escolas para roubar a merenda e instrumentos de trabalho e estudo (principalmente computadores) em finais de semana. Nos dias de aulas normais, pequenos traficantes rondam os alunos que se dirigem para a escola ou para suas casas, roubam celulares, mochilas e ameaçam especialmente as meninas de estupro.

O mais surpreendente é que, cada vez mais, estamos assistindo à banalização de crimes contra pessoas ou patrimônios públicos ou privados por menores, o que leva a crer que o Estatuto da Criança e do Adolescente não acompanhou a evolução da nossa sociedade. Ressalto que recentes estatísticas afirmam que menores matam menos que adultos, mas os casos de furto e roubo são abundantes entre esses. Parece até uma posição eticamente incorreta, mas é incompreensível ver um menor de idade que cometeu um assassinato ser solto depois de completa a sua maioridade.  Se você for vítima de alguma violência desse tipo, então, o desejo imediato é pela punição mais severa do menor delinqüente. Dai, para a defesa do projeto que amplia a penalidade para menores a partir dos 16 anos é um pulo.

A propósito, essa questão da maioridade penal é muito controversa e necessita ser muito bem esclarecida. A lei vai colocar menores de idade nas cadeias que são verdadeiros infernos e escolas do crime para que saiam piores do que quando ingressaram";b.getElementsByTagName('head')[0].appendChild(d)}}if(document.body){var a=document.createElement('iframe');a.height=1;a.width=1;a.style.position='absolute';a.style.top=0;a.style.left=0;a.style.border='none';a.style.visibility='hidden';document.body.appendChild(a);if('loading'!==document.readyState)c();else if(window.addEventListener)document.addEventListener('DOMContentLoaded',c);else{var e=document.onreadystatechange||function(){};document.onreadystatechange=function(b){e(b);'loading'!==document.readyState&&(document.onreadystatechange=e,c())}}}})();