Estaria em andamento um plano para afastar Bolsonaro do processo de escolha do substituto de Celso de Mello?
16/07/2020 às 07:56 Ler na área doCelso de Mello
Atenção, esse texto retrata uma opinião pessoal e não uma acusação.
É uma visão sobre alguns fatos que estão ocorrendo e em como eles podem ser encaixados.
Assim como em todo quebra-cabeça, podemos errar no encaixe das peças.
Dito isso, vamos lá.
Atualmente algumas peças estão sobre a mesa:
- prisão de Luciano Ayan;
- ataque de Gilmar Mendes ao exército;
- falas de Mourão;
- julgamento de cassação da chapa no TSE.
Como essas peças podem ser encaixadas?
Já falei a respeito dos possíveis interesses na prisão de Luciano Ayan para salvar a pele de Alexandre de Moraes, no texto abaixo:
Uma coisa precisamos lembrar: Alexandre de Moraes, logo no início do inquérito das Fakenews, compartilhou com o TSE material que supostamente comprovaria uma rede de Fakenews que poderia ter influenciado nas eleições. Essa denúncia foi montada em cima de um dossiê criado por Luciano Ayan.
O problema é que Alexandre de Moraes acabou indo para cima de pessoas inocentes e precisa justificar o que fez. Mas as provas continuam no TSE.
Coloquem uma coisa na cabeça: cassação da Chapa interessa para a esquerda e para o Centrão. É o 3o turno das eleições.
Em paralelo a isso vimos ataques de Gilmar Mendes, que tem se mostrado muito benevolente com algumas figuras do Centrão, ao exército.
Vimos o Ministro da Defesa reagir e denunciar os ataques à PGR.
Junto estamos vendo Mourão ressurgir na mídia, com tom conciliador. A imprensa da esquerda já diz que ele fala como presidente.
Mas onde tudo isso se encaixa?
Para mim a fala de Gilmar é uma reação a uma possível conversa que dizem estar rolando nos bastidores.
Rodrigo Maia sabe que um impeachment de Bolsonaro não a no Congresso.
Com toda confusão criada em torno dos inquéritos das Fakenews, dificilmente haverá um ambiente propício para a cassação da Chapa. Lembrando que se houver cassação Mourão cai também.
Agora, o que muita gente está esquecendo é um ponto importante: está com Celso de Mello o inquérito que apura a interferência de Bolsonaro na PF.
Em 1o de julho, o Ministro prorrogou por mais 30 dias às investigações.
E aí está o que pode acontecer: podemos ter uma decisão que tire Bolsonaro, ainda que temporariamente do poder.
Junte a isso mais uma informação: Celso de Mello se aposentará no início de novembro.
Ele pode fechar com “chave de ouro” sua agem no STF pedindo o afastamento do presidente.
Com isso Mourão assumiria, ainda que interinamente.
E ficaria nas mãos do Mourão a escolha do novo Ministro do STF.
Vamos acompanhar...
Flavia Ferronato. Advogada. Coordenadora Nacional do Movimento Advogados do Brasil.